Procurámos encontrar no concelho de Montemor-o-Novo exemplos do quotidiano em que o consumo energético fosse reduzido ao essencial. Encontrámos a solução no passado, na Terra, numa relação estreita entre diferentes saberes que se articularam sempre e que se descuraram. Neste artigo daremos conta de exemplos concretos mas também do projeto que a “ Oficina da criança” está a desenvolver
A Oficina da Criança, espaço lúdico-pedagógico da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo está a desenvolver um projeto educativo “Arquitetura e Espaço habitado” que pretende sensibilizar os jovens para a procura de soluções ecológicas em matéria de construção civil. Surge assim a Terra como matéria-prima por excelência, matéria limpa, sem contaminantes, de fácil acesso local, e evitando a poluição produzida pelos transportes de materiais.
Desejámos ir mais longe na nossa investigação ao procurar saber as técnicas de construção e as propriedades térmicas que estão associadas. As construções em taipa, mistura de grão de areia e brita, ligados por argila com uma terra muito arenosa, rica em pedra e cascalho e pouca argilosa (10 % a 20%),constituem uma grande maioria dos montes alentejanos que contam já com alguns anos.
Esta técnica pode combinar-se com outras técnicas como o tabique ou o adobe.
O tabique consiste na construção de uma grelha de madeira ou cana, formando um entrançado, onde se aplica posteriormente uma fina camada de terra. A terra quando é muito argilosa é misturada com grandes quantidades de palha.
O adobe não é mais que um conjunto de pequenos blocos com forma regular constituídos por uma argamassa de barro e areia. Estes blocos são posteriormente cortados em forma de tijolos e secos ao sol.
Fomos encontrar diversos exemplos de construções ancestrais, no nosso concelho.
Além do mais, a Terra, aplicada na construção tem qualidades de absorção sonora, possui propriedades térmicas e higrométricas.
Ao longo das várias entrevistas que realizámos, ficámos a saber que estas casas são muito frescas no Verão, não precisando para isso de despender qualquer energia e portanto sem custos. No Inverno, a energia necessária é mantida no seu interior por bastante tempo.
A Oficina da Criança prosseguirá o seu trabalho durante Julho e Agosto em torno da construção de uma cidade imaginária.
Com enfoque na construção dos edifícios coletivos contará com a orientação da artística plástica Catherine Henke e do arquiteto Nuno Grenha.