89% dos professores envolvidos no programa Eco-Escolas refere evitar usar o ferro de engomar em usos pontuais, 88% usa programas de baixa temperatura na máquina de lavar roupa e89% opta pela compra de eletrodomésticos mais eficientes. Estes são alguns dos dados de um estudo que decorreu em janeiro e fevereiro e que envolveu 504 participantes, a maioria dos quais coordenadores e professores. A generalidade dos inquiridos tem um conhecimento médio-alto sobre o uso eficiente e poupança de energia e uma atitude “muito positiva” face à conservação de energia. Mas, há dados que motivam alguma reflexão, tais como, 59% dos participantes deixa equipamentos, como as televisões, em stand-by
Todos nós contribuímos para o fenómeno do aquecimento global: com a energia que consumimos nas nossas casas; com as nossas opções de transporte em férias ou no dia-a-dia; com os resíduos que produzimos. Tal como nas nossas casas, nas empresas e nas escolas muitas actividades implicam a emissão para a atmosfera de gases com efeito de estuda (GEE).
A comunidade internacional está a responder a este desafio através de acordos internacionais, o mais importante dos quais é o Protocolo de Quioto, sob o qual os países industrializados se comprometeram a reduzir as suas emissões. Mas acima de tudo, todos somos responsáveis e como tal não podemos ficar à espera que "os outros" encontrem solução para este problema. Se todos fizermos um esforço este problema pode ser reduzido. Basta pequenas acções tais como a opção de uso de transportes públicos, não usar a viatura própria em pequenas deslocações, a compra de produtos de origem nacional, a compra de lâmpadas economizadoras, etc..
Neste contexto foi desenvolvido, em janeiro e fevereiro de 2012, um estudo através do qual se pretendeu identificar comportamentos sustentáveis relacionados com o consumo de energia junto dos professores envolvidos na aplicação do programa Eco-Escolas, nos vários estabelecimentos de ensino em Portugal. Foi possível recolher 504 respostas (83 do sexo masculino e 421 do sexo feminino), das quais 52% são relativas a coordenadores do programa Eco-Escolas (EE) e 43% a professores.
Quando questionados sobre quais os principais comportamentos para levar a cabo a poupança energética os inquiridos demostraram que, de uma forma global, têm um desempenho ambiental de nível bom médio. Por exemplo, destacamos que 92% dos participantes refere evitar usar o ferro de engomar em usos pontuais; 89% opta usa (sempre ou muitas vezes) pela compra de eletrodomésticos mais eficientes e 93% opta, geralmente, pela compra de lâmpadas. Por sua vez, 77% refere apagar sempre as luzes quando está uma divisão da casa vazia, mas este valor sobe para 97%, considerando as respostas “sempre” e “muitas vezes”. De referir ainda que 88% usa (sempre ou muitas vezes) programas de baixa temperatura na máquina de lavar roupa. No entanto, apenas 48% utiliza sempre estes programas.
Contudo, merece também referência o facto de cerca de 23% dos participantes ter referido que, com frequência, ainda deixa os carregadores de telemóveis ligados depois da bateria ficar cheia. Por sua vez, apenas 41% dos participantes desligam sempre os equipamentos (tv, aparelhagem, etc.) no próprio aparelho.
Verifica-se que as respostas a este questionário foram maioritariamente de mulheres (84%), o que está de acordo com o facto de estas estarem em maior número na atividade docente. Corroborando, um estudo publicado pela Revista Climatização (Maio/Junho 2011), demonstra que “são os homens, com até 25 anos, quem apresenta uma maior necessidade de ultrapassar barreiras à poupança energética, assim como é o público masculino, em geral, quem demonstra estar menos sensibilizado para esta temática”. Parece verificar-se que é o público feminino quem está mais sensibilizado para este assunto.
Tendo em conta os dados obtidos neste estudo parece verificar-se que a generalidade dos inquiridos tem um conhecimento médio-alto sobre o uso eficiente e poupança de energia e uma atitude “muito positiva” face à conservação de energia. Este resultado pode encontrar justificação quer no facto do envolvimento dos participantes no programa EE ser, pelo menos potencialmente, voluntário, quer pela temática deste programa, o que nos leva a considerar que há razões para considerar que há motivação e conhecimento para atuar. Este resultado é semelhante aos dados apresentados na investigação Energyprofiler1. Este consistiu num estudo e análise de perceções, atitudes, competências e padrões de utilização de energia por parte do sector residencial. Este revelou que a generalidade dos portugueses possui um conhecimento “médio-alto” sobre o uso eficiente de energia; e que a maioria das pessoas considera importante poupar energia, não só devido a questões ambientais, mas principalmente devido a questões económicas. Isto mostra que, ao poupar energia, ajuda-se o ambiente, mas também se poupa dinheiro.
Funcionários do Colégio Valsassina em visita de estudo à Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos da Valorsul. A realização de ações de informação e sensibilização para professores e funcionários das escolas contribui um exemplo de boas práticas.
Com o fim de avaliar o conhecimento dos inquiridos sobre a sua eficiência ambiental o questionário terminava com a questão “Já alguma vez calculou a sua Pegada Ecológica”. Cerca de 69% dos participantes afirmou nunca ter calculado a sua pegada ecológica. Este dado pode ser indicador da necessidade de, em certos casos, se passar do conhecimento à ação.
Não obstante, de uma forma geral este estudo revela que os professores envolvidos no programa Eco-Escolas apresentam uma atitude que podemos considerar positiva face ao consumo de energia e revelam uma responsabilidade na sua utilização, executando com frequência comportamentos ecológicos. Sugere-se ainda a necessidade de desenvolver certas ações, como por exemplo: combater o “stand-by”; sensibilizar/informar para um consumo mais eficiente, através da seleção de programas de baixa temperatura nas máquinas de lavar; adoção de práticas de monitorização de consumos em casa.
1 http://www.energyprofiler.info/sobre.php. Investigação realizada em Janeiro de 2010, da responsabilidade da Energaia e financiada pela ERSE. . Consistiu na realização de um inquérito telefónico à escala nacional a mais de 1000 agregados familiares.
Carolina Fonseca, Catarina Pauleta, Diogo Oliveira, Diogo Silva, Gonçalo Pereira, Joana Duarte, Manuel Portela, Pedro Leal, Vasco Diogo